BORDERLINE
Joanice Vigorito
Historian and Curator
November | 2019
In this context, the performance video THE WILDERNESS IS KENT. KENT IS THE WILDERNESS presents the strength of a woman who takes decisions and dominates the land, the work and place where she lives. She reaffirms her roots and constructs ideias, merging with the earth itself. To become a citizen in a lived space and turn it into your own, embraces the direct relationship between territory/space/place.
Back to our daily life, we find ourselves as observers and active actors in a dysfunctional society. Art fosters action. When looking at the white school uniform shirts on display, the idea of light in knowledge is switched off. The shirts have been stitched describing a time of violence. Each thread contains the movement of the needle in a slow rhythm, its symbolism denoting the fracture, descontinuity and social disarray. It is a warning.
The installation which brings braille and Buddhist mantras was conceived in partnership with a visually impaired friend and might cause some strangeness at first. It makes clear the conceptual relation that permeates this exhibition. The writing in braille opens to whoever wants to see a world of possibilities in narratives that create images and uncover darkness. The mantras and the meditation are an immersion in self-knowledge and an offering up to light.
The geometry of the show is completed with the expanded painting positioned in the gallery at an angle. This reveals the discovery of a blue – YInMn Blue – made up of the elements Yttrium, Indium and Manganese. The construction of a new path is all that ‘ BORDERLINE ‘ is about.
O processo de produção artística a dado momento pode se transformar em um ritual repleto de sentimento de pertença e de reafirmação da identidade individual e coletiva. Foi o que se deu quando a artista gravou nos mourões palavras poéticas e os fez seus. Impregnou-os do seu eu. Se deixou afetar e tomou posse do território transformando-o em lugar, espaço vivido, sentido na pele e na alma. Fincá-los na terra é um ato de libertação, para o que transcende, para além da obra e da artista. Colocá-los lado a lado na galeria é dividir afetos e desejos, é integrar mundos.
Nesse contexto o vídeo performance THE WILDERNESS IS KENT. KENT IS THE WILDERNESS apresenta a força da mulher que toma para si suas decisões e domina a terra, o trabalho e o lugar em que vive. Reafirma suas raízes e constrói ideias, se torna a própria terra. Relação direta entre território/espaço/lugar – ser cidadã no espaço vivenciado e tornado seu.
Assim, transportados a vida cotidiana nos colocamos como observadores e ou como atores ativos na sociedade. A arte nos propicia a ação. Ao olhar para os uniformes dos jovens estudantes nos remetemos para as escolas, porém as camisas brancas dessa mostra quebram com a ideia das luzes do conhecimento. Elas foram marcadas pela linha de um bordado que narra um tempo de violências. Cada ponto, cada movimento da agulha em um ritmo lento de construção simbólica traduz em palavras e frases a fratura, a descontinuidade, a interrupção e o abatimento social. Nos alerta.
A instalação que traz o braille e os mantras budistas em um primeiro olhar podem causar estranhamento, no entanto a relação entre eles no contexto do conceito que permeia esta exposição é muito clara. A escrita em braille abre para quem quer ver um mundo de possibilidades em narrativas que criam imagens e descortinam a escuridão. Os mantras e a meditação são um mergulho no autoconhecimento, se abrem em luz. Esta obra oportuniza-nos pensar a sociedade para além da cegueira cotidiana que nos cerca. Se transforma em reflexão.
A construção da mostra se completa com a pintura expandida em um ângulo da galeria. Ela revela a descoberta de um azul – YInMn Blue – composto pelos elementos, Ítrio, Índio e Manganês. Construção de trajetória é disso que BORDERLINE se trata.
Text for the solo exhibition | Texto para a mostra individual . BORDERLINE . Bermondsey Project Space . London . UK . 08|2021