In the next stage, a rounded type of writing is created manually and printed in few editions for engravings. Opening the graphic shape of words, inflating air, editing and enunciating questions related to art, alter the language game between the visible and the invisible. It is in hiding and revealing that I print a tree in miniature on a book page, and return the book to its own materiality, in a tautological process that never ends.
Os sentidos se transpõem, se misturam, e o tato conduz a uma memória afetiva que, por sua vez, resgata percursos semânticos de artistas e poetas, como espelhamento de minha própria obra. A linha que costura desemboca em bordados numa sequência de frases acompanhadas de sua tradução em braile sobre superfícies brancas, e realizadas em parceria com uma deficiente visual, Kate Queiróz. Empresto meus olhos a ela, que me empresta o tato. Uma inversão de suportes e leituras vai desdobrando o trabalho gradualmente e os versos se transfiguram no corpo dos poemas prensados em folhas de flandres para a escrita braile, agora revertida para o vidente.
Numa outra etapa, essa escrita boleada é gerada manualmente e impressa em pequenas edições para a gravura. Abrir a forma gráfica das palavras, colocar o ar, editar e enunciar questões concernentes à arte, transvestem o jogo de linguagem entre o visível e o invisível. É nesse ocultamento e revelação que devolvo, em miniatura, uma árvore impressa à página de um livro, e este, à sua própria materialidade, num processo tautológico e que não se esgota.
Márcia Clayton
2014